Série bíblia


Os hebreus estavam no Egito ha quase 400 anos e tinham-se tornado muito numerosos. O faraó resolveu aniquilá-los: mandou tratá-los severamente e ordenou que se lançassem ao Nilo todos os seus filhos recém-nascidos. Deus inspirou à filha do faraó que recolhesse uma destas crianças e ela chamou-lhe de Moisés e o educou. Com cerca de 40 anos de idade, Moisés teve que fugir porque tomara a defesa dos israelitas. Por ordem de Deus, voltou 40 anos depois e fez os israelitas saírem do Egito. Foi seu chefe no deserto durante 40 anos e conduziu-os até a fronteira da Terra Prometida.

MOISÉS SALVO DA MORTE
Os descendentes de Jacó tornaram-se muito numerosos no Egito. Chamavam-se a si próprios de filhos de Israel ou israelitas porque Jacó recebera de Deus o nome de Israel. Os estrangeiros chamavam-lhes de hebreus.

Passado muito tempo, houve no Egito um novo rei que não conhecia a história de José. Temendo que os filhos de Israel se tornassem demasiadamente poderosos, oprimiu-os com penosos trabalhos de construção e cultura. Por fim, prescreveu que se lançassem ao Nilo todos os seus filhos recém-nascidos.

Uma mãe israelita teve um filho. Como era muito lindo, escondeu-o durante três meses. Porém, não podendo conservá-lo oculto por mais tempo, tomou um cesto de junco betumado com resina e pez, meteu dentro o menino e foi expô-lo nuns canaviais à margem do rio. A irmã do menino conservou-se escondida a alguma distância para ver o que acontecia.

Chegou a filha do faraó e, vendo um cesto no meio do canavial, mandou uma criada buscá-lo. Abriu-o e viu o menino chorando. Ficou cheia de pena e disse: "É filho de hebreus". A irmã da criança aproximou-se e disse: "Quereis que vá chamar uma mulher israelita para amamentar esse menino". Ela respondeu: "Vai, sim". A menina foi chamar a própria mãe. Esta levou o menino e o educou. Quando já estava crescido, levou-o à filha do faraó, que o adotou e disse: "Chamar-se-á Moisés porque o tirei da água".


DEUS ENVIA MOISÉS PARA LIBERTAR O SEU POVO
Chegado aos 40 anos de idade, Moisés viu a aflição dos israelitas e tomou a sua defesa. O faraó ficou sabendo e mandou procurá-lo para lhe dar a morte. Então Moisés fugiu para a terra de Madian, onde ficou a guardar ovelhas.

Em dia, chegou com o seu rebanho ao interior do deserto, perto do monte Horeb e ali o Senhor lhe apareceu no meio das chamas que se elevavam de uma sarça de espinhos. Embora toda em chamas, a sarça não se consumia. Moisés se aproximou e então o Senhor gritou-lhe do meio da sarça: "Moisés, Moisés!". Moisés cobriu o rosto para não ver a Deus.

O Senhor disse-lhe: "Vi a aflição do meu povo. Por isso desci para o libertar e o conduzir a uma terra onde corre o leite e o mel. És tu quem fará sair o meu povo do Egito". Moisés partiu imediatamente para o Egito. Saiu-lhe ao encontro, por ordem de Deus, seu irmão Aarão e Moisés contou-lhe tudo.

Moisés e Aarão foram procurar o faraó e disseram-lhe: "O Deus dos hebreus disse: 'Deixa partir o meu povo'". O faraó não consentiu e Deus o castigou, mandando-lhe grandes desgraças. Mas o faraó continuou endurecido. O Senhor disse a Moisés: "Ferirei o faraó e a sua gente com uma última praga, depois da qual ele vos deixará partir. À meia-noite passarei pelo Egito e todo o filho primogênito dos egípcios morrerá. Mas aos filhos de Israel não se sucederá mal algum".

MOISÉS MANDA CELEBRAR A PÁSCOA (aproximadamente 1500 a.C.)
Por ordem de Deus, Moisés mandou aos filhos de Israel que celebrassem a Páscoa, dizendo-lhes: "No dia 14 deste mês, à tarde, cada chefe de família imolará um cordeiro sem defeito, com um ano de idade, sem lhe quebrar osso algum. Com um molhinho de hissôpo, aspergirá seu sangue nas umbreiras e na padieira da porta. Comereis a sua carne, assada no fogo, com pão sem fermento e ervas amargas. Tereis os rins cingidos, as sandálias nos pés e o bordão na mão. E comereis depressa porque é a Páscoa, isto é, a Passagem do Senhor. Nesta mesma noite, ferirei de morte todos os filhos primogênitos do Egito. Mas vendo o sangue nas vossas casas, passarei adiante e a praga destruidora não vos atingirá".

Os filhos de Israel fizeram o que o Senhor lhes ordenou. Pela meia-noite, o Senhor feriu de morte os primogênitos de todas as famílias do Egito. Ouviu-se em todo o país um enorme grito de dor porque não havia casa onde não houvesse um morto.

OS ISRAELITAS SAEM DO EGITO
O faraó chamou Moisés e disse-lhe: "Leva depressa o teu povo". Os egípcios também pediam para que os israelitas saíssem o quanto antes, "senão morreremos todos", diziam eles.

Os filhos de Israel partiram em número de 600 mil, sem contar as mulheres e crianças. Moisés levou também os ossos de José.

Guiados por Deus, que ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, de noite numa coluna de fogo, chegaram todos ao Mar vermelho.

Entretanto, o faraó arrependeu-se de ter deixado partir os israelitas. Perseguiu-os com os seus carros e todo o exército e foi alcançá-los junto ao Mar vermelho. Moisés disse ao seu povo: "Não temais, o Senhor combaterá por vós!". Por ordem de Deus, Moisés estendeu a mão sobre o mar; imediatamente as águas se dividiram, erguendo-se como muralha à direita e à esquerda, e os israelitas atravessaram sem molharem os pés. Os egípcios avançaram por sua vez até ao meio do mar. Mas o Senhor disse a Moisés: "Estende a mão sobre o mar". Moisés obedeceu e imediatamente as águas se juntaram e cobriram todo o exército do faraó, com os carros e cavaleiros. Ninguém escapou.
Os filhos de Israel entoaram então um cântico de louvor e ação de graças ao Senhor, dizendo: "Cantemos ao Senhor porque fez brilhar a sua glória: precipitou no mar os cavalos e os cavaleiros".

Em seguida, os israelitas conduzidos por Moisés dirigiram-se para o deserto.

DEUS PROTEGE O SEU POVO
No deserto, os israelitas tiveram fome. Deus disse-lhes: "Esta tarde comereis carne e amanhã pela manhã tereis pão em abundância. E sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus". Efetivamente, à tarde, pousaram cordonizes sobre os acampamentos e no dia seguinte apareceu a terra coberta de uma coisa miúda, parecida com a geada. Vendo isto, os filhos de Israel perguntaram: "Manhu?, que significa 'o que é isto?'. Moisés disse-lhes: "Este é o pão que o Senhor vos dá para comer". Daí vem o nome de maná.
O maná tinha sabor de bolos de mel. Os israelitas comeram maná durante 40 anos até chegarem em Canaan.

Doutra vez, faltou água e o povo queixou-se a Moisés: "Para que nos fizeste sair do Egito? Foi para morrermos de sede?". Moisés perguntou ao Senhor: "O que farei a este povo?". Deus disse-lhe: "Toma a tua vara e bate com ela no rochedo; jorrará água e o povo terá o que beber". E assim aconteceu.


DEUS PROMULGA O DECÁLOGO
No terceiro mês depois da saída do Egito, os israelitas chegaram ao pé do Sinai. Armaram as tendas em frente do monte e Moisés subiu até junto de Deus. O Senhor disse-lhe: "Manda que lavem as vestes e estejam prontos para o terceiro dia. Nesse dia, quando soar a trombeta, que se aproximem do monte". Moisés obedeceu ao Senhor.
Na madrugada do terceiro dia, houve trovões e relâmpagos e uma espêssa nuvem envolveu o Sinai. Ouviu-se então o som estridente das trombetas. Todos se atemorizaram. Moisés levou os israelitas para junto da montanha e o Senhor promulgou o decálogo:
Eu sou o Senhor, teu Deus:

I. Não terás outros deuses, nem farás imagens deles para as adorar.
II. Não pronunciarás em vão o nome do Senhor, teu Deus.
III. Lembra-te de santificar o dia do sábado.
IV. Honra teu pai e tua mãe para viveres muito tempo sobre a terra.
V. Não matarás.
VI. Não cometerás adultério.
VII. Não furtarás.
VIII. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
IX. Não cobiçarás a mulher do teu próximo.
X. Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo ou serva, nem o seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.
O povo tremia de medo. Todos disseram: "Faremos o que o Senhor mandou e seremos fiéis". Por ordem de Deus, Moisés tornou a subir ao Sinai e lá ficou 40 dias e 40 noites.
Então o Senhor deu-lhe os dez mandamentos, escritos por sua mão, em duas tábuas de pedra.

MOISÉS ORGANIZA O CULTO DIVINO
No Sinai o Senhor disse a Moisés: "Haveis de fazer-me um santuário. Quero habitar no meio de vós". Moisés mandou então construir o Tabernáculo. Era feito de tábuas, com ricas coberturas. Quando os israelitas se punham em marcha, desmanchavam o Tabernáculo para o levarem com eles. O Tabernáculo tinha dois compartimentos: o santo e o santo dos santos. No santo dos santos, encontrava-se a arca da aliança. Na arca, guardavam-se as duas tábuas da Lei.

[No santo, encontravam-se o altar dos perfumes, a mesa dos pães da proposição e o candieiro de sete braços. No átrio, estava o altar dos holocaustos. Deus disse também a Moisés: "Aarão e seus filhos exercerão funções sacerdotais". Moisés estabeleceu seu irmão Aarão como sumo-sacerdote e designou para sacerdotes os filhos de Aarão e os seus descendentes. Os sacerdotes deviam oferecer os sacrifícios. Geralmente ofereciam animais, que se imolavam, sendo a carne consumida pelo fogo sobre o altar. Havia também sacrifícios incruentos. Celebravam-se três grandes festas: a Páscoa, em memória da saída do Egito; o Pentecostes, comemorando a promulgação da Lei ao pé do Sinai; e a dos Tabernáculos, para relembrar a peregrinação do povo através do deserto. Em todas as semanas, o sétimo dia ou sábado devia ser consagrado unicamente ao culto do Senhor.]

EXPLORAÇÃO DA TERRA DE CANAAN
Logo que os israelitas chegaram à fronteira meridional de Canaan, Moisés enviou 12 homens, um por cada tribo, a explorar a terra. No regresso, trouxeram eles frutos deliciosos como romãs, figos e, numa vara, conduzida por dois homens, um enorme cacho de uvas. E disseram: "É na verdade uma terra onde corre o leite e o mel!".

Porém, os israelitas já estavam cansados de vaguear através do deserto. E disseram a Moisés: "Por que nos mandaste sair do Egito? Foi para nos deixar morrer no deserto? Nós não temos pão, falta-nos a água e já estamos enjoados deste maná!".

Para castigo, o Senhor mandou serpentes, cuja picada queimava como fogo. Muitos israelitas foram picados e morreram. Os outros reconheceram o seu pecado e arrependeram-se. Então Moisés intercedeu por eles.

Deus disse-lhe: "Faze uma serpente de bronze e expõe-na num poste. Aqueles que, sendo feridos, olharem para ela, viverão". Moisés assim fez e todos os que, tendo sido picados, olhavam para a serpente de bronze, ficaram sãos.

[Moisés morreu no topo do monte Nebo, à vista da Terra Prometida, com 120 anos de idade.]

JÓ É EXPERIMENTADO NOS SEUS BENS
Em Hus, terra da Arábia, vivia um homem chamado Jó, reto, justo, temente a Deus e afastado do mal. Tinha 7 filhos e 3 filhas; possuía grandes rebanhos de ovelhas, camelos, bois e jumentos, além de muitos criados. Era homem muito considerado em todo o Oriente.

Deus experimentou-o, permitindo a Satanás que lhe fizesse muito mal. Um dia, chegou um mensageiro e disse a Jó: "Andavam os bois a lavrar e a jumentas a pastar junto deles e eis que surgiram os sabeus e os levaram. Passaram à espada os criados. Só escapei eu para vos trazer esta notícia"

Falava ainda quando chegou outro mensageiro que disse: "Os caldeus lançaram-se sobre os camelos, levaram-nos e trucidaram todos os criados. Só escapei eu para vos trazer esta notícia".
Enquanto este falava, entrou outro mensageiro dizendo: "Os vossos filhos e filhas estavam a comer e beber em casa do irmão mais velho. De repente desencadeou-se um violento furacão vindo do deserto. Sacudida de todos os lados, a casa desabou sobre eles e esmagou a todos. Só eu escapei para vos anunciar esta triste notícia".
 
Então Jó levantou-se, rasgou as vestes e, raspada a cabeça, prostrou-se por terra e adorou o Senhor, dizendo: "O Senhor deu, o Senhor tirou. Como foi do agrado do Senhor, assim se sucedeu. Bendito seja o nome do Senhor!". Jó não pecou em nenhuma destas coisas, nem pronunciou nenhuma palavra insensata contra Deus.

JÓ É EXPERIMENTADO NA SUA SAÚDE
Satanás foi então ferir Jó com uma lepra horrível, que o cobriu desde a planta dos pés até ao alto da cabeça. E Jó tirava o pus de suas úlceras com um pedaço de telha. Dizia-lhe a mulher: " Ainda estás firme na tua piedade?". Ele respondia: "Falas como mulher insensata. Se recebemos os bens da mão de Deus, por que não receberemos também os males?".

 
JÓ PERMANECE FIEL A DEUS
Alguns amigos de Jó ousaram afirmar que Deus o castigava por causa dos seus pecados. Mas Jó disse: "Ainda que Deus me matasse, confiaria sempre nele. Eu sei que o meu Redentor vive e que no último dia ressurgirei da terra; serei novamente revestido do meu corpo e na minha carne verei o meu Deus. Sim, eu mesmo o verei e os meus olhos o hão de contemplá-lo. Esta esperança repousa no meu coração".


DEUS DÁ A JÓ O DOBRO DOS BENS PERDIDOS
Deus restituiu o dobro de tudo que ele possuía. Deu-lhe também sete filhas e três filhos. Jó viveu ainda 140 anos e viu os filhos dos seus filhos até a quarta geração.

OS IRMÃOS TÊM INVEJA DE JOSÉ
Jacó amava e preferia José do que os outros filhos e mandou-lhe fazer uma túnica de várias cores. Por isso, os mais velhos começaram a invejá-lo.

Um dia praticaram uma ação muito má e José os acusou ao pai. Desde então seus irmãos tomaram-lhe ódio e começaram a falar-lhe com maus modos.

Uma vez, José disse-lhes: "Ouçam um sonho que tive: estávamos no campo a atar feixes. O meu feixe ergueu-se de pé e os vossos puseram-se em volta e prostraram-se diante dele". Os irmãos replicaram-lhe: "Porventura serás nosso rei?". E o odiavam cada vem mais.

José contou-lhes ainda outro sonho dizendo: "Vi em sonhos o sol, a lua e onze estrelas inclinarem-se diante de mim". O pai repreendeu-o: "O que significa esse sonho que tiveste? Acaso eu, tua mãe e teus irmãos haveremos de nos prostar diante de ti?". E a inveja e o ódio dos irmãos aumentava cada vez mais.

 JOSÉ VENDIDO POR SEUS IRMÃOS
Um dia, os irmãos de José tinham ido para muito longe com os rebanhos. E o pai disse a José: "Vai ver se os teus irmãos estão bem". Assim que eles o avistaram, disseram: "Lá vem o sonhador. Matemo-lo e depois diremos que uma fera o devorou".

Logo que José chegou até eles, seus irmãos o despiram da túnica de várias cores e o lançaram numa cisterna velha. Por acaso passava por ali uma caravana de mercadores estrangeiros que seguia para o Egito. E eles, então, tiraram José da cisterna e o venderam por vinte moedas de prata. Em seguida, tingiram a túnica com o sangue de um cabrito e mandaram-na ao pai com este recado: "Encontramos esta túnica. Não será a de vosso filho?". O pai a reconheceu e disse: "A túnica é do meu filho! Uma fera devorou José". E nunca mais deixou de chorar pelo filho.

JOSÉ NA PRISÃO
Os mercadores levaram José para o Egito e lá o venderam a um dos dignatários do faraó, chamado Putifar, que o fez administrador de seus bens. Um dia, a mulher de Putifar tentou arrastá-lo para o pecado, mas José disse-lhe: "Como eu poderia cometer tamanha injustiça e pecar contra o meu Deus?". Ela ficou muito irritada e disse ao marido: "José quis que eu cometesse o pecado". O egípcio acreditou na mulher e mandou prender José.

JOSÉ EXPLICA OS SONHOS
Deus estava com José. O chefe da prisão gostava dele e confiou-lhe a vigilância dos outros presos.

Aconteceu que o rei do Egito mandou prender o copeiro e o chefe dos padeiros como culpados de um crime contra sua pessoa. Uma manhã José, vendo-os muito tristes, perguntou-lhes: "Por que estais tão preocupados?". Eles responderam: "Tivemos um sonho e ninguém sabe interpretá-lo". José disse-lhes: "Só Deus dá a inteligência dos sonhos. Contai-me o sonho".

O copeiro-mor disse: "Vi em sonho uma cêpa de videira que tinha três varas. Peguei em dois cachos, espremi-os numa taça e apresentei-a ao faraó". José disse-lhe: "As três varas significam três dias. Dentro de três dias o faraó te restituirá ao cargo. Lembra-te de mim quando fores feliz. Pede ao faraó que me tire deste cárcere porque eu não fiz mal algum".

O padeiro disse por sua vez: "No meu sonho, parecia-me levar à cabeça três cestos de pão branco. No cesto que ia por cima havia muitas iguarias para o faraó, mas as aves vinham comê-las". José disse: "Os três cestos significam três dias, depois dos quais o faraó te mandará cortar a cabeça e as aves devorarão tua carne".
Três dias depois, o faraó festejava o aniversário do seu nascimento. Durante o banquete, lembrou-se do copeiro-mor e restituiu-o ao seu cargo; ao padeiro, mandou enforcar, tudo como José lhes tinha predito. Mas o copeiro, retornando ao seu lugar, não se lembrou mais de José.
ELEVAÇÃO DE JOSÉ
Dois anos depois, o faraó teve também um sonho: viu sair do Nilo sete vacas, lindas e gordas, e depois outras sete, feias e magras, que devoravam as primeiras. Em seguida, viu sair do mesmo caule sete espigas cheias de grãos e formosas, e outras sete, delgadas e vazias, que engoliram as primeiras. Ninguém soube interpretar o sonho do faraó. Então ele mandou chamar José, que lhe disse: "As sete vacas formosas e as sete espigas cheias significam sete anos de abundância. As sete vacas magras e as sete espigas vazias significam sete anos de fome. Virão agora sete anos de grande fertilidade para todo o Egito, mas depois seguir-se-ão sete anos de penúria. Escolha, pois, o faraó um homem sábio e prudente para recolher o sobejo das colheitas e reservar provisões para os sete anos de miséria".

O faraó aceitou este conselho e disse a José: "Quem haverá mais sábio e prudente do que tu? Faço-te senhor de todo o Egito". E, tirando o anel real, colocou-o no dedo de José. Vestiu-o ricamente, pôs-lhe no pescoço um colar de ouro e mandou-o passear em triunfo no seu côche real. Além disso, deu-lhe um nome egípcio que significa salvador do mundo. Todos deviam se prostrar diante de José.

Chegaram os sete anos de fertilidade e José mandou recolher todo o excedente das colheitas. Seguiram-se os sete anos de miséria e o povo começou a pedir pão ao faraó. O faraó respondia: "Ide a José". Então José mandou abrir os celeiros. De toda a parte acorria gente ao Egito para comprar trigo.

JOSÉ TORNA A VER OS IRMÃOS
Jacó mandou também seus filhos ao Egito comprar trigo. Mas não deixou que Benjamim fosse, com receio de lhe acontecer algum mal.

José reconheceu seus irmãos logo que os viu, mas eles não o reconheceram. Falou-lhes como a estrangeiros e disse-lhes: "Vós sois espiões!". Eles responderam: "Oh, não, senhor! Viemos de Canaan só para comprar trigo. Somos doze irmãos. O mais novo ficou em casa e o outro... desapareceu!". José fingiu não acreditar e mandou-os prender. Passados três dias, ordenou que viessem à sua presença e disse-lhes: "Se sois de paz, um de vós ficará como refém. Os outros podem voltar, mas devem trazer seu irmão mais novo. Dessa forma saberei que falais a verdade".

Depois deu ordem para que lhes enchessem os sacos, mas teve o cuidado de mandar pôr em cada um o dinheiro da compra. Quando eles chegaram em casa e abriram os sacos, ficaram muito admirados por lá encontrarem o dinheiro.

JOSÉ DÁ-SE A CONHECER
Tendo acabado o trigo, Jacó disse a seus filhos: "Voltai ao Egito e comprai mantimentos para vivermos". Um dos irmãos respondeu: "Bem queremos ir, mas é preciso levar o nosso irmão mais novo!". Jacó respondeu: "Se assim é necessário, levai Benjamim convosco".

Desceram eles ao Egito com Benjamim. Assim que chegaram à presença de José, ofereceram-lhe presentes e inclinaram-se diante dele até ao chão. Ele retribui-lhes a saudação e perguntou: "O vosso pai ainda é vivo?". Eles disseram: "O nosso pai, vosso servo, ainda é vivo e está com saúde". Então, vendo Benjamim, perguntou: "Este é o vosso irmão mais novo? Deus te abençoe, meu filho". E retirou-se apressadamente para ocultar as lágrimas.

No dia seguinte, não podendo dominar por mais tempo a sua comoção, exclamou a soluçar: "Eu sou José, vosso irmão, a quem vendeste. Ide depressa ter com meu pai e o trazei-me. Eu tratarei de vós". Lançou-se então ao pescoço de Benjamim e , chorando, abraçou-o; abraçou também todos os irmãos. Estes saíram e puseram-se a caminho.

JACÓ VAI PARA O EGITO (aprox. 1920 a.C.)
Quando chegaram, os irmãos de José disseram a seu pai: "José, vosso filho, ainda vive e é ele quem governa todo o Egito". Jacó não queria acreditar, mas depois disse: "Vou ter com ele. Quero vê-lo antes de morrer". E pôs-se a caminho do Egito. José saiu ao encontro do pai. Chegando à sua presença, lançou-se ao seu pescoço e, chorando, abraçou-o.

Em seguida, José apresentou seu pai e seus irmãos ao faraó. Este disse a José: "Dá-lhes a melhor parte da terra". José estabeleceu-os na região de Géssen.

Jacó viveu ainda 17 anos no Egito. Antes de morrer, abençoou cada um de seus filhos. A Judá disse: "Judá, teus irmãos te louvarão e os filhos de teu pai prostrar-se-ão diante de ti. O cetro não se afastará de Judá até que venha aquele que deve ser enviado e que as nações esperam".

[Depois da morte de seu pai, os irmãos de José recearam que ele quisesse se vingar e foram implorar o seu perdão. José disse-lhes, chorando:"Não temais. Eu cuidarei de vós e de vossos filhos". Prestes a morrer, disse ainda a seus irmãos: "Deus vos reconduzirá à terra que prometeu a nossos pais. Levai os meus ossos convosco". Morreu no Egito com 110 anos. Embalsamaram-no e depuseram-no num caixão.]

ESAÚ VENDE O DIREITO DE PRIMOGENITURA
Isaac casou com Rebeca, neta de Nacor, irmão de Abraão. Deus deu-lhe dois filhos gêmeos. O primeiro era muito peludo, chamou-se Esaú; o segundo recebeu o nome de Jacó. Esaú tornou-se hábil caçador; Jacó gostava de viver na sua tenda.

Um dia, Jacó havia preparado um prato de lentilhas. Esaú chegou da caça, exausto de fadiga, e disse-lhe: "Dá-me desse legume vermelho porque estou muito cansado!". Jacó respondeu: "Primeiro dá-me o direito de primogenitura". Esaú disse: "Estou morrendo de fome. De que me serve o direito de primogênito?". Jacó continuou: "Jura que me cedes". Esaú fez o juramento e depois de ter comido e bebido, saiu.

JACÓ É ABENÇOADO EM VEZ DE ESAÚ
Estando velho e quase cego, Isaac disse a Esaú: "Toma o teu arco, vai à caça e traz-me o guizado de que eu gosto, para eu te abençoar antes de morrer". Logo que Esaú saiu, Rebeca disse a Jacó: "Meu filho, vai escolher no rebanho dois dos melhores cabritos; com eles farei para teu pai um prato como ele gosta e tu irás levá-lo para ele te abençoar antes de morrer".

Depois de ter preparado o prato, Rebeca vestiu a Jacó com as roupas de seu irmão Esaú; cobriu-lhe o pescoço e as mãos com a pele dos cabritos e mandou-o a Isaac, seu pai. O velho mandou Jacó se aproximar, apalpou-lhe as mãos e o pescoço, mas não o reconheceu. Depois de ter comido, Isaac abençoou Jacó e disse: "Deus te dê do orvalho do céu e da ferilidade da terra. As nações hão de inclinar-se diante de ti e tu serás o senhor de teus irmãos. Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar!".
Foi assim que Jacó se tornou herdeiro das promessas.

DEUS ABENÇOA JACÓ
Esaú ficou muito zangado com seu irmão Jacó e queria matá-lo. Jacó soube disso e fugiu para a Mesopotâmia.

Durante a viagem, viu em sonhos uma escada que ligava a terra ao céu e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. No alto estava o Senhor que lhe disse: "Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão e Isaac. Dar-te-ei a ti e à tua descendência a terra em que repousas. A tua posterioridade será numerosa como os grãos de areia da praia e num dos teus descendentes serão abençoadas todas as nações".

JACÓ RECEBE O NOME GLORIOSO DE ISRAEL
Jacó ficou 20 anos na Mesopotâmia, em casa de seu tio Labão. Por fim, Deus disse-lhe: "Volta para a terra de teus pais e eu estarei contigo".Jacó obedeceu.

No caminho, um homem misterioso lutou com ele até pela manhã. E disse-lhe então:"Deixa-me porque já vem vindo a aurora". Jacó respondeu: "Não te deixarei partir enquanto não me abençoares". O homem misterioso disse-lhe "Daqui em diante não te chamarás Jacó, mas Israel - que quer dizer guerreiro de Deus - porque se lutaste com tanta valentia com Deus, muito mais forte serás contra os homens". E o abençoou.
[Mais tarde, Esaú reconciliou-se com Jacó. Este teve doze filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dan, Neftali, Gad, Aser, Issacar, Zabulon, José e Benjamim. Isaac morreu em Hebron, com 180 anos de idade].

DEUS CHAMA ABRÃO
Taré, descendente de Sem, teve três filhos: Abrão, Nacor e Aran. Tendo partido de Ur, na Caldéia, com seu filho Abrão, seu neto Lot e Sarai, esposa de Abrão, foi viver em Haran, na Mesopotâmia.

Um dia, Deus disse a Abrão: "Sai da tua terra e da casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Em ti serão benditas todas as nações da terra".

Abrão obedeceu. Foi com Sarai, sua mulher, e seu sobrinho Lot para a terra de Canaan. Aí lhe apareceu o Senhor e lhe disse: "Darei esta terra aos teus descendentes".
MELQUISEDEC ABENÇOA ABRÃO

Aconteceu que uns reis estrangeiros invadiram aquela terra, saquearam as cidades e levaram muitos cativos. Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles, perseguiu os inimigos, venceu-os e retomou todo o saque. No regresso, passou pela cidade de Salém. Então Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho para o sacrifício porque era sacerdote do Altíssimo. E abençoou Abrão, dizendo: "Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra!". Depois disto, Abrão deu-lhe o dízimo de todos os seus bens.

DEUS PROMETE DESCENDÊNCIA A ABRAÃO
Abrão não tinha filhos. Uma noite, Deus disse-lhe: "Levanta os olhos e conta, se podes, as estrelas do céu! A tua descendência será tão numerosa como elas". Abrão acreditou em Deus e Deus imputou à justiça a sua fé.

Aos 99 anos de idade, Abrão teve outra aparição em que o Senhor lhe disse: "Daqui em diante não te chamarás Abrão mas sim Abraão, porque te destinei oara pai de muitas gentes. Para o futuro, não chamarás a tua mulher de Sarai mas de Sara. Eu a abençoarei e ela terá um filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei com ele uma aliança perpétua em favor da sua posterioridade".

DEUS EXPERIMENTA ABRAÃO
Deus cumpriu a sua promessa. Sara teve um filho na sua velhice e Abraão deu-lhe o nome de Isaac.

Sendo este já crescido, Deus experimentou Abraão e disse-lhe: "Toma Isaac, teu filho único a quem amas, para me ofereceres em sacrifício na montanha que eu te desginar".
Abraão levantou-se antes de amanhecer, preparou o jumentinho, cortou a lenha necessária para o sacrifício e pôs-se a caminho com Isaac e dois servos. Ao terceiro dia, avistou de longe a montanha do sacrifício. Disse então aos servos: "Esperai aqui com o jumento enquanto eu e meu filho vamos lá em cima adorar o Senhor". Pôs a lenha sobre os ombros de Isaac e ele mesmo levou o fogo e o cutelo.

Enquanto subiam, Isaac disse: "Meu pai!". Abraão perguntou: "O que queres, meu filho?". Isaac respondeu: "Levamos o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o sacrifício?". Abraão disse: "Deus tratará disso, meu filho".

Quando chegaram, Abraão levantou o altar, dispôs nele a lenha, amarrou o filho e o colocou em cima.

Em seguida, agarrou no cutelo para imolar a criança.

DEUS POUPA ISAAC
Então, do alto do céu, gritou o anjo do Senhor: "Abraão! Abraão! Não faças mal ao menino. Agora sei que temes a Deus pois não poupaste teu filho único para me obedeceres". Abraão levantou os olhos e viu um cordeiro preso num espinheiro. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto em lugar do filho. Então o anjo do Senhor disse pela segunda vez: "Já que para me obedeceres não poupaste o teu filho único, eu te abençoo. Dar-te-ei uma posterioridade tão numerosa como as estrelas do céu e a areia na praia marítima. Em um dos teus descendentes serão benditas todas as nações da terra".

[Abraão viveu até a idade de 175 anos. Seu filho sepultou-o em Mambré, junto de Sara, sua esposa

Série Bíblia: Gênesis. Noé


DEUS ANUNCIA O DILÚVIO
Deus viu que os homens se pervertiam cada vez mais. Arrependeu-se de os ter criado e disse: "Exterminarei os homens da face da terra". Só um homem, chamado Noé, achou graça diante do Senhor porque era justo. Deus disse a Noé: Faze uma arca de madeira com 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura; reveste-a de betume por dentro e por fora. Mandarei o dilúvio sobre a terra; tudo o que nela vive perecerá. Mas farei uma aliança contigo. Entrarás na arca com teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos. Tomarás também animais de cada uma das espécies para que sobrevivam contigo e alimentos para o vosso sustento". E Noé fez tudo o que Deus lhe havia ordenado.

O DILÚVIO INUNDA A TERRA
Então Deus abriu todas as fontes do grande abismo e uma chuva torrencial caiu durante 40 dias e 40 noites. As águas aumentaram e passaram 15 côvados acima dos montes mais altos. A arca flutuava sobre as águas. Todos os homens e todos os animais morreram. Só sobreviveu Noé e os que estavam com ele na arca. As águas cobriram a terra durante 150 dias. Então Deus mandou um vento quente e as águas começaram a baixar. Por fim, a arca deteve-se sobre uma montanha da Armênia.


DEUS ESTABELECE UMA ALIANÇA COM NOÉ.
Noé saiu da arca com toda a sua família e os animais. Levantou um altar e ofereceu um sacrifício ao Senhor. O Senhor aceitou o seu sacrifício e disse: "Nunca mais um dilúvio devastará a terra". Em seguida, abençoou Noé e os seus filhos e disse-lhes: "Eis que vou fazer a minha aliança convosco e com a vossa posterioridade. O meu arco nas nuvens é o sinal da minha aliança convosco

CAM PECA CONTRA SEU PAI
Os filhos de Noé que saíram com ele da arca chamavam-se: Sem, Cam e Jafet. Cam era pai de Canaan. Deles descenderam todos os homens que depois povoaram a terra.
Noé, que era agricultor, começou a cultivar a vinha e fez vinho. Mas, como ainda não conhecia a sua força, foi surpreendido pela embriaguez e adormeceu nú na sua tenda. Cam, vendo o pai naquele estado, pôs-se a rir dele. Pelo contrário, Sem e Jafet entraram recuando na tenda para não verem o pai e o cobriram com o seu manto.
NOÉ JULGA OS FILHOS

Logo que Noé soube o que tinham feito seus filhos, disse: "Maldito seja Canaan! Ele será escravo dos escravos de seus irmãos!". Em seguida, abençoou Sem e Jafet, dizendo-lhes: "Bendito seja o Senhor, Deus de Sem, e Canaan seja seu escravo! Alargue-se Jafet e habite nas tendas de Sem e Canaan seja seu escravo!".
DEUS DISPERSA OS DESCENDENTES DE NOÉ
Os descendentes de Noé foram muito numerosos. Partindo do Oriente, estabeleceram-se na planície de Senaar. Ali, disseram uns para os outros: "Construamos uma cidade e ergamos uma torre que chegue até o céu". Até então, todos os homens falavam a mesma língua. Deus disse: "Vou confundir-lhes a linguagem, de forma que não se entendam uns com os outros".
Tiveram então de parar com os seus trabalhos. À cidade, chamou-se Babel, que quer dizer confusão, por lá ter sido confundida a linguagem dos homens.

Noé morreu com 950 anos de idade, 350 após o dilúvio.
[Pouco a pouco os homens esqueceram o Senhor e caíram na idolatria. Então Deus escolheu Abraão e a sua descendência, o povo de Israel, para guardar a verdadeira fé e a esperança na vinda do Redentor

CAIM MATA SEU IRMÃO ABEL
Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. Abel era pastor de ovelhas e Caim lavrador.
Aconteceu que ambos ofereceram sacrifícios ao Senhor. Caiu deu frutos das suas terras e Abel os melhores cordeiros do seu rebanho. O Senhor viu com prazer o sacrifício de Abel, mas não olhou para a oferenda de Caim. Este ficou muito irritado. O Senhor disse-lhe: "Por que estás irritado? Se praticares o bem serás recompensado, mas se fizeres o mal serás castigado. Domina as tuas paixões". Depois disto, Caim disse a seu irmão: "Saiamos". E, logo que estavam no campo, Caim lançou-se contra seu irmão Abel e o matou.

DEUS CASTIGA CAIM
Imediatamente o Senhor disse a Caim: "Onde está o teu irmão Abel?". Caim respondeu: "Não sei. Acaso sou o guarda de meu irmão?. Disse-lhe Deus: "O que fizeste? O sangue de teu irmão grita da terra por mim. Por isso serás maldito sobre a terra que bebeu o sangue de teu irmão".

Então Caim disse ao Senhor: "O meu pecado é tamanho que não mereço perdão. Esconder-me-ei do vosso olhar e quem me encontrar me matará". Disse-lhe o Senhor: "Não será assim". E marcou-o com um sinal para que ninguém ousasse matá-lo. Caim afastou-se e andou errante pelo oriente do Éden. Os seus descendentes foram os maus filhos dos homens.
SET SUBSTITUI ABEL
Adão e Eva tiveram outro filho, ao qual chamaram Set. Os descendentes de Set foram os piedosos filhos de Deus. Mas, pouco a pouco, aliaram-se com os maus filhos dos homens e adotaram os seus perversos costumes.

[Deus concedeu larga vida aos patriarcas: Adão viveu 930 anos; Set, 912; Matusalém, avô de Noé, 969; Henoc, pai de Matusalém, viveu com tanta piedade que o Senhor o levou deste mundo e ele não morreu].